INTRODUÇÃO: João Batista
No segundo semestre de 2009 a Cia. Acômica iniciou a pré-produção para suas novas atividades criativas. Neste primeiro módulo buscou-se o tema a ser trabalhado através de pesquisas, leituras afins convergindo para o "homem contemporâneo".
Em Janeiro de 2010 promoveu-se duas oficinas, uma ministrada por Jadranka Andjelic e outra por Paola Retori, em ambas foram realizados exercícios de atenção com o parceiro de cena e o grupo, desenvolvidas improvisações e trocas entre o espaço, o corpo e a voz. Houve então uma seleção de atores/bailarinos e com os escolhidos aberta novas discussões e seminários voltando ao foco inicial: o homem contemporâneo e suas relações de afetos e desafetos com os espaços públicos.
Abrindo a segunda etapa do trabalho, foi proposta uma pesquisa de campo onde os atores exploraram um parque e quatro praças de Belo Horizonte investigando o comportamento das pessoas nestes centros, ouvindo os relatos de suas memórias, histórias e cumplicidade com a cidade. Traçado este mapa afetivo, foi deixado como rastro, algumas impressões que se seguem:
A Praça Rui Barbosa, conhecida como Praça da Estação, faz parte do acervo neoclássico da cidade. Ligada à construção de Belo Horizonte, é datada da década de 20 quando o antigo ponto de trem era portão de entrada para a capital. Hoje, ele deu lugar ao metrô.
O local foi beneficiado pelo programa Centro Vivo, que reestruturou a área central e deu à praça pisos de placas de concreto colorido, formando um espaço exclusivo para pedestres. Foram instalados dois conjuntos de fontes, que podem ser desligados dando mais espaço para a realização de eventos. Postes de iluminação especial também se encontram nas laterais do local.
RELAÇÃO + AFETO+PESSOAS
“Aqui na Praça da Estação, tem gente que chega, tem gente que sai. De metrô ou antes de trem, muita gente já visitou as belezas de nossa cidade. O visual ficou lindo. A Praça da Estaçao é o símbolo de Belo Horizonte, sendo um dos cartões postais da cidade mais linda do Brasil”.
A fonte está ligada, um grupo de adolescentes se diverte atravessando a fonte. Gritam escandalosamente.
Um homem toma banho de bermuda. O guarda finge não ver e circula elegante em seu motor de duas rodas.
Os pontos de ônibus estão cheios, uns que vão outros que chegam.
Arquitetuta antiga em contraste com prédios mais modernos.
Garotos atravessam a fonte de bicicleta, eles apostam pra ver quem sai menos molhado.
O homem pelado da escultura ergue a bandeira e está de punho cerrado.
João Batista
Tipos curiosíssimos passam por ali, como travestis com as maquiagens já desbotadas e com os saltos nas mãos, prostitutas com olheiras voltando ou indo desanimadas, homens de olhos estatelados vindo de alguma quebrada, bêbados babando no chão, furiosos com o freqüente atraso dos ônibus, mulher fingindo passar mal para comover as pessoas e ganhar algumas moedas, homens e mulheres ligeiros e desconfiados e para variar, evangélicos arvorados gritando coisas que ninguém ouvia, com a exceção de alguns carentes que nada mais tinha a fazer e a onde ir.
O vestuário da população no local era um show a parte. Viam-se vestimentas e combinações que antecipariam a morte de Clodovil caso passasse por lá.
PRAÇA DA RODOVIÁRIA- Texto e fotos: helena soares
Vazio... Um vento forte varre o chão de folhas, uma escultura figura a geometria por onde ver composições.
Árvores, bancos, lixo, pessoas, barulho, sirenes, trânsito.
Olhares ao longe... Os que aqui ficam são desespero e solidão.
Um travesti desfila seu desejo de ser quem é com graciosidade.
Um homem está do meu lado, usa óculos, está com o pensamento longe, é forte, tem uns sessenta e cinco anos, seus pés estão inchados, usa um embornal preto, está coçando o olho com freqüência, agora pude ver melhor, ele tem um buraco no lugar do olho esquerdo.
Um skatista negro quebra a monotonia atravessando a praça.
Então chego mais perto com um meio sorriso e pergunto:
- O senhor vem sempre aqui?
Me olhou desconfiado, coçou novamente o olho esquerdo e respondeu:
- É, antes eu vinha mais, eu gosto.
Silêncio
Um homenzinho raquítico de cara franzida amassa latinhas ritualisticamente, em quanto outro, de terno preto, uns setenta e cinco anos, cabelo e barba grandes e brancos, atravessa a praça, lentamente com elegância apoiado por sua bengala.
- Esse vento, parece que vai chover!
-Quando eu era mais novo eu vinha sempre, era mais barato no tempo do Getúlio Vargas, eu estava aqui no dia da morte dele.
-Como era a praça?
-Tinha o Bondinho, era estação de lá e de cá, eu vinha direto, era baratinho, carnaval aqui era uma beleza, no lugar da rodoviária era a feira, tinha a rádio, o cinema são Geraldo, ali era o cine Brasil, acabou tudo, eu assisti o filme do Mazzaropi, ele veio pessoalmente falar do filme, eu vi ele assim de pertinho. Era um tempo bom, que não tinha muita malandragem.
-Como é que o Sr.chama?
É... José Nicássio, eu nasci lá em Manhuaçu, vim pra cá novo.
- Helena! Já estamos indo...
- Já vou.
- Meu nome é Helena Soares seu Nicássio, agora eu tenho que ir.
Estendo a mão, ele aperta minha mão com um meio sorriso.
-Até logo seu Nicássio.
- Até.
João Batista
Onde há tristeza de uma partida há também a alegria do reencontro. Neste clima os transeuntes perpassam apreensivos pela Praça da Rodoviária. Ao saírem da estação, os passageiros logo vêem a Avenida Afonso Pena emoldurada pela obra de Lina Bobardi (a mesma arquiteta do MASP) e a visão dos recém chegados só não se perde em profundidade até o alto da Avenida devido à poluição visual da cidade.
Creio que a impressão dos visitantes que chegam a Belo Horizonte não é a das melhores porque ali, na Praça da Rodoviária se concentra parte da marginália belorizontina, entregando um cartão de visita sujo e sinistro. São prostitutas perebentas, malandros querendo roubar, mendigos à deriva, vendedores de bugigangas, comércio clandestino de ônibus que concorre perigosamente com a legalidade da rodoviária, mágicas já reconhecidas até mesmo para quem vem do mais recôndito interior. São apresentadas em exaustão. Os evangélicos, para não variar, se impõem gritando sua fé distraída. A impressão que se tem é que todos querem passar por ali com o máximo de velocidade para chegarem logo aos seus destinos, o que é dificultado pelo atraso dos meios de transportes disponíveis. Ali, pelo que se caracteriza uma praça, pouco tem. Poucos bancos, poucas árvores e sem entretenimento, tendo apenas um trânsito nervoso e aflito.
PRAÇA DA LIBERDADE - Texto e fotos Helena Soares
*1897, No coração de Belo Horizonte abre os caminhos da liberdade por entre as montanhas de Minas Gerais.
Testemunha dos grandes acontecimentos da cidade, nobre e imponente faz parte do que acontece de importante e belo na capital mineira.
*1920 acolheu os reis da Bélgica
*1930 recebeu os revolucionários que comemoravam a vitória. A revolução iniciada em Minas derrubou Washington Luís e reconduziu Getúlio Vargas ao poder.
O povo tomou a praça, palco de lutas, comemorações, praça de todos, do povo de Minas.
*1950, nova reforma deu-lhe ares românticos.
*1960, foi presenteada com as obras de Niemeyer, a praça encantava com seus majestosos jardins, florida e colorida, era o coração pulsante da cidade que crescia ao seu redor.
*1970 a 1990, voltou a ser ocupada pelo povo, a feira hippie tomou conta da alameda.
*1991, por ser uma área histórica, por meio de parceria pública privada, a praça foi restaurada. Durante meses ficou escondida por tapumes.
Seu Retorno foi triunfante: Voltou a ter a elegância e a beleza que a tornaram um dos mais requisitados pontos da cidade.
*2000, palco de lutas, celebrações, das luzes de natal, dos movimentos culturais. Lugar de música, festas, namorados, crianças e jovens de todas as idades.
Subi no coreto, tinha lá um grupo de adolescentes ainda com uniforme escolar, (E.E. Barão do Rio Branco) fiquei observando a praça lá de cima, olhei pra uma das meninas e dei um sorriso, ela correspondeu e eu disse: Linda essa praça!
Ela - É mesmo.
Eu - vocês... (já direcionando ao grupo todo) vêm pra cá sempre?
Todas em coro - Sim.
Eu - Tão matando aula!
Ela - Não, estudamos de manhã, a gente vem pra descansar.
Notei certa desconfiança no olhar delas para mim, já que estava perguntando muito.
Eu - Desculpa, é que estou fazendo uma pesquisa sobre a relação das pessoas com os espaços públicos. Vocês podem...
A menina do primeiro sorriso respondeu que sim na hora.
Eu - Conhecem a história da praça?
-Ela - Não
Eu - O que mais gostam aqui?
Uma e outra - Das árvores, luzes de natal, venho sempre com minha família,
- O coreto é bom pra descansar,
- O clima é bom, tem segurança, é tranqüilo e tem muitos passarinhos cantando.
-Ainda falta muito respeito, jogam lixo no chão, deviam colocar aqui aqueles lixos de reciclar.
Eu - Posso anotar o nome de vocês?
- Amanda.
-Thaís.
- Júlia.
- Ana Paula.
João Batista
A Praça da Liberdade é a extensão de minha casa. Há mais de quarenta anos somos vizinhos e foi nela que aprendi a andar de bicicleta, patins, dei meu primeiro beijo na boca, curei melancolias, amenizei tédios, me embriaguei, namorei e me encantei com os coqueiros que emolduravam esta linda obra de arte. Para chegar até ela subo a Avenida João Pinheiro passando pelos casarões que abrigavam tradicionais famílias da sociedade belorizontina, chegando antes ao Xodó para tomar sorvete e comer sanduíches, terror para as mães que querem ver seus filhos se alimentarem saudavelmente. O Xodó também funciona como um Q.G. para os encontros, uma referência para dar início ao passeio pela praça.
A elegância dos ecléticos estilos arquitetônicos que ladeiam a praça culmina no imponente Palácio da Liberdade, antiga sede dos governantes mineiros onde também já se hospedaram importantes políticos brasileiros e estrangeiros. Na sua sacada, discursos históricos foram feitos como o de Tancredo Neves a favor do retorno das eleições diretas e da democracia no Brasil.
Bem perto do Palácio havia um lote onde foi construído o moderno Rainha da Sucata, nome dado pelos críticos à nova arquitetura que veio de contra ao importado estilo europeu que constituía toda a Praça. Não podemos esquecer que o arquiteto Oscar Niemeyer foi o pioneiro nesse sentido, com a construção do edifício que leva o seu nome, onde seus moradores, de suas janelas, presenciaram momentos culturais e políticos preciosos como, por exemplo, a antiga feira hippie onde os artesãos mineiros expunham seus trabalhos vindos de todos os cantos do Estado, fomentando efetivamente o turismo em Belo Horizonte. Saudosos , os moradores do Edifício Niemeyer também recordam do tradicional footing organizado: mulheres à esquerda com vestidos longos e os homens à direita com chapéus e bengalas.
Recentemente a praça passou por uma reforma urbanística representando um novo paisagismo que a tornou ainda mais bonita, abrindo maior acesso ao lazer, descanso e contemplação.
Várias tribos de adolescentes adotaram a Praça para suas reuniões como os hippies, os punks, os emos, os darks e metaleiros, dando início a uma degradação vândala do patrimônio sendo substituídos pelas câmeras de vigilância e policiais. As bandas militares que se apresentavam no coreto também foram substituídas por apresentações circenses, teatrais e de diversos estilos musicais: clássico, pop, rock, etc.
Um grande atrativo atual da Praça da Liberdade são as decorações no Natal, que atrai moradores locais e estrangeiros, encantando a todos e projetando a cidade através dos meios de comunicação que a divulgam.
Minha memória não me deixa esquecer das fontes luminosas que também servem de piscinas paras as crianças e adolescentes desafortunados. Era mágico olhar as águas em elevações diferentes, mudarem sempre de cor. Inesquecível! Atualmente, um projeto do governo Aécio Neves, deu início à substituição das funções burocráticas exercidas nas secretarias para um novo circuito cultural onde serão manifestadas as diversidades artísticas como cinema, teatro, literatura, história, ciência, artesanato, artes plásticas, música, etc.
Assim sendo, o carinho que tenho pela Praça da Liberdade se renova sempre com o passar do tempo, tornando-o cada vez maior.
PRAÇA SETE DE SETEMBRO - Texto e fotos de helena soares
PRAÇA SETE DE SETEMBRO - Texto e fotos de helena soares
É o centro do centro de Belo Horizonte. Ostenta em seu centro um (Obelisco) O pirulito como é conhecido foi desenhado pelo arquiteto Antonio Rego e construído pelo arquiteto Antonio Gonçalves gravatá. Antes Praça Doze de Outubro em homenagem a data da descoberta da América.
Em 1922 foi alterado para Praça Sete de Setembro.
(Centenário da Independência do Brasil
Em 2003, houve um intenso programa de revitalização:
*Acesso aos portadores de necessidades especiais
*Cada um dos quatro quarteirões fechados ganhou um nome indígena.
João Batista
Na infância freqüentei a Praça Sete por dois motivos: visitar com mamãe meu tio, que trabalhava no antigo e tradicional prédio do Banco da Lavoura e para assistir no Cine Brasil os filmes dos Trapalhões e do 007 James Bond. Estes dois programas eram divertidos porque gosto muito de cinema e tio Nem sempre me dava uns trocadinhos para comprar Coca-Cola. Fora isso, por força das circunstâncias, também ia a Sapataria Balalaika para comprar minhas botas ortopédicas. Sempre caí nas ciladas da mamãe, que mandava eu escolher um sapatinho e quando chegava em casa, abria a caixa e lá estava a mesma botina contra os meus pés chatos. Minha mãe é quem fazia minhas roupas com os tecidos comprados na Casa Rolla que também ficava nas imediações da Praça. Entrar na Rolla também não era bom. Sempre achei o movimento da Praça Sete muito confuso e feio, portanto a freqüentava transitoriamente e nunca permaneci no lugar. Hoje em dia não mudou muito. Passo por ela para efetuar alguns pagamentos, fazer algumas compras ou para ir até o Terminal Rodoviário. Neste tempo pude observar que no cruzamento de ruas que cortam a praça existem alguns grupos mais fixos de pessoas que se encontram com mais freqüência no local. Os idosos no Café Nice, os idosos que jogam damas, os hippies remanescentes de Woodstok, os surdos, os surdos, os skatistas e aqueles esquisitos do roubódramo. Entre eles, alguns interventores com suas mágicas, malabarismos e vendedores de soluções milagrosas e os evangélicos “gritantes”em plena concorrência com as irritantes buzinadas dos carros. O resto são transeuntes sempre atrasados, segurando firmemente seus pertences para não serem assaltados. Sempre achei a coisa mais sem graça o tal pirulito da Praça Sete. É uma fama que eu nunca entendi. Numa época, houve uma grande polêmica com a sua transferência para o bairro da Savassi. Para mim ele poderia pegar um ônibus e ir para o deserto. Não faria a menor falta pois, aquilo não é uma escultura, não é uma obra de arte, não é um monumento, é apenas um espeto apontado para um céu poluído.
Henrique Bochelli
Aqui as pessoas não se relacionam e tem cara de poucos amigos. Sempre apressadas e se aglomeram em sinais de trânsito. Uma menina num momento delicado chorava se escondendo no ombro do amigo. Se escondendo da agitação. O público muda o tempo todo. Um menino passa de bicicleta, absorto, desviando das pessoas. O lugar mais democrático até agora. Uma galera cheira Tíner numa garrafinha verde. A menina no meio esta alucinada.
PARQUE MUNICIPAL -
Parque Américo Renné Gianneti -Texto e fotos de helena soares
Parque Américo Renné Gianneti -Texto e fotos de helena soares
*Primeiro jardim público da capital mineira, foi criado em 1827 ainda na época de BH arraial, era ali que se localizava a “Chácara dos Sapos”.
*Idealizado pelo engenheiro Aarão Reis, projetado pelo arquiteto francês Paul Villon.
*Mistura de elementos locais e europeus.
*Coreto veio da Bélgica
*Flora com mais de 400 espécies colhidas em quintais
*Área de quase 600 mil metros quadrados, hoje reduzidos a menos de um terço deste tamanho.
Agora respiro fundo, ausento-me da cidade grande para observar este santuário verde no meio da capital, a tranqüilidade, o cheiro de mato me faz lembrar a roça, árvores diversas, aparelhos de ginástica, escultura de ferro em forma de borboleta, muitas praçinhas, lagos com peixes, patos, raízes enormes (Ficus Italianos), pessoas passando rápido, outras fazendo Cooper, outras esperando o tempo passar.
A maioria que aqui vi, tem marcas fortes de expressão no rosto, cansaço, vida difícil.
Um rapaz chega de bicicleta, trajando cueca e marcador no braço, seu corpo é composto por músculos tensos, todos olham e ele se exibe com orgulho fazendo flexão nos aparelhos de ginástica, arma os braços mostrando o Muque e diz: Chupa que é de uva!
João Batista
Papai me bateu uma só vez na sua vida. Depois, arrependido, me levou ao Parque Municipal para andar na roda gigante. Nós não tínhamos o costume de visitá-lo, pela má fama de lugar onde era freqüentado o baixo nível da sociedade de Belo Horizonte como pessoas piolhentas e mal educadas. O parque era realmente muito sujo e degradado. Essa idéia me acompanhou até que para ir para a faculdade, o parque era um atalho facilitador. A guarda municipal de BH já estava atuando no local e ele estava sendo revitalizado. O parque agora é mais bem tratado.
As várias entradas dão acesso a diversas ruas do hipercentro, sendo assim, muitos freqüentadores estão sempre de passagem, com passos apressados pela falta de tempo para tantos compromissos que têm. Outros preferem passar pelo parque, tendo-o como caminho mais longo, porém mais arejado, menos poluído e com o contato com a natureza onde encontram uma grande variedade da botânica brasileira e árvores exóticas. Os menos apressados encontram tempo para a leitura das placas explicativas com os nomes científicos, vulgares e da origem de cada árvore. Existem também os hóspedes de quatro patas: os gatos, que após serem largados, são castrados e identificados através de um furo na orelha, por veterinários da prefeitura. Um grupo de senhoras comovidas pelos bichanos, levam diariamente rações e carinho. O parque já teve também um viveiro com grande variedade de pássaros, mas foi extinto, agora, estando eles no lugar certo: soltos para ocuparem o ar e suas residências naturais que são as muitas árvores com suas sementes, frutas e insetos. Nos lagos existem peixes, tartarugas e marrecos. Os freqüentadores mais freqüentes do parque são atletas que se exercitam nos equipamentos lá existentes; a terceira idade que pratica caminhadas, leituras, conversas e jogos de lazer; gays que se encontram, namoram e paqueram em uma das alas do parque; mendigos que ali encontram lugar para satisfazer suas necessidades de eterno descanso e fisiológicas; desempregados que lêem os classificados e que já estão estrategicamente bem localizados para chegarem nas possibilidades de empregos. (a maioria dos ônibus passa nos arredores do Parque) Professores de Educação Física levam seus alunos para suarem nos aparelhos lá instalados. A escola municipal Imaco lá funcionou por muitas décadas, mas os alunos preferiam mais a área externa às salas de aula. Agora será construído no seu lugar um centro multiuso. As crianças estão sempre presentes com seus pais brincando em vários brinquedos oferecidos a preço popular, como carrossel, rumba, pedalinhos, roda-gigante e balanços.
Uma outra tradição do parque são os burricos e o trenzinho que passeiam por grande parte do parque. Você já pensou em andar de barco, passando por baixo de pontes em pleno centro da cidade? No Parque Municipal isso é possível. Basta alugar um barquinho de remos, colocar um colete salva-vidas e passear sobre as águas cercadas pela natureza e espremidas pelos grandes prédios que circundam toda extensão do parque.
Até então, o maior centro de cultura de BH está também dentro do Parque Municipal: o Palácio das Artes, com suas escolas de teatro, música, dança, além de cinema, galerias e um dos palcos mais importantes da cidade, que já recebeu nomes consagrados de toda a parte do mundo. Festivais importantes também são apresentados dentro do Parque como o FIT, FIQ, FID E FIC, Festival de Documentários e projetos de grande importância como a Terça Política. E por falar em cultura, o parque abriga também o Teatro Francisco Nunes, outro espaço muito querido pelos belorizontinos.
Em algumas alamedas estão expostas placas comemorativas dos 60 anos da Declaração dos Diretos Humanos (iguais na diferença) apresentando e ilustrando seus artigos. O Parque Municipal para mim é um dos lugares de maior diversidade de Belo Horizonte, visitado por gente de todas as classes sociais, da elite ao mais simples.
E como disse uma amiga: "gatos! No Parque Municipal encontramos muitos gatos. Logo quando se entra sente-se o cheiro da caixa de areira do seu gato mil vezes mais forte. Aquele pedaço é a caixa de areia gigante dos bichanos!"
Hoje é o último dia para se inscrever nas oficinas de Capoeira Angola e Teatro, que terão início em 03 de Maio de 2010 na sede da Cia Acômica.
Ainda dá tempo!